quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Centro da Periferia e a Periferia do centro

Cravada no centro da cidade de São Paulo a Baixada do Glicério é um paradoxo moderno, a personificação da periferia no centro de uma das cidades mais ricas do mundo, a cidade de São Paulo, que é considerada hiper-cidade mesmo que localizada na periferia do mundo.

Situada próximo aos valorizados bairros da Liberdade, Aclimação e Cambuci, a Baixada do Glicério é considerada uma das regiões mais inseguras da cidade na avaliação de seus próprios moradores. Em suas casas co-habitam diferentes personagens e realidades que compõem, na visão do Estado, um problema crônico, onde estão concentrados dezenas de cortiços e moradias populares precárias, além de ser cortada por vários viadutos onde se concentram pessoas em situação de rua que tem a subsistência baseada na atividade do centro de São Paulo.

Há planejamento do poder público municipal de revitalizar a região, um plano que vem sendo desenvolvido desde meados de 2005, mas que foi criado ainda no Governo da ex-prefeita Marta Suplicy com a assinatura de empréstimos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o “embelezamento” do centro histórico de São Paulo. A esse “embelezamento” dá-se o nome de gentrificação[i], conceito que vem sendo usado por urbanistas de todo o mundo e propõem a valorização dos centros urbanos e sua abertura ao grande capital.

Chama-se gentrificação (um neologismo que ainda não consta dos dicionários de português) ou enobrecimento urbano, de acordo com algumas traduções, a um conjunto de processos de transformação do espaço urbano que ocorre, com ou sem intervenção governamental, nas mais variadas cidades do mundo. O enobrecimento urbano, ou gentrification, diz respeito à expulsão de moradores tradicionais, que pertencem a classes sociais menos favorecidas, de espaços urbanos e que subitamente sofrem uma intervenção urbana (com ou sem auxílio governamental) que provoca sua valorização imobiliária.[ii][iii]

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Esse processo de higienização[iv] ou limpeza social pode ser identificado na própria história da formação da Baixada do Glicério. No início do século XX trabalhadores negros e pobres foram expulsos dos cortiços localizados no centro histórico, tendo sido deslocados para a periferia da cidade de São Paulo que na época eram as regiões da Barra Funda, Pari e Glicério. Deste modo, verifica-se hoje seguidos processos de higienização, através dos quais o poder econômico expande seus domínios territoriais em função de um projeto de mercado.

Habitado inicialmente por imigrantes pobres, o Glicério, uma típica vila operária, começou a receber no meio do século passado a migração de trabalhadores do nordeste que contribuirão para o desenvolvimento da cidade até os dias de hoje, configurando ainda mais as diversidades do bairro.#

Nas décadas de 1960 a 1980, iniciativas como a Construção do Elevado Costa e Silva contribuíram para uma maior decadência da região. Atualmente convivem lado a lado, no Glicério, cortiços, grandes edifícios e indústrias de pequeno porte.

A proximidade do Centro e a grande mobilidade social, contudo, com a permanente chegada e partida de migrantes do nordeste, fez surgirem recentemente novas modalidades de comércio, como o de móveis usados e o de artigos de caráter religioso, graças à presença de igrejas evangélicas. Bares e restaurantes 24 horas, as novas estações do Metrô, forrós e o comércio de camelôs nos finais de semana, movimentam hoje a vida no Glicério.[v]

José Guilherme Cantor Magnani discute no texto “Transformações na cultura urbana das grandes metrópoles”[vi] as dimensões e complexidades presentes no modo de vida nos grandes centros urbanos. Magnani aponta duas leituras do fenômeno de transformação em curso nas grandes metrópoles: a primeira enfatiza o caráter desagregador do processo baseada em dados sociológicos, econômicos e demográficos que apontam “o colapso do sistema de transporte, as deficiências do saneamento básico, a falta de moradia, a concentração e má distribuição dos equipamentos, poluição, violência, subemprego”, leitura muito aplicada a cidades do terceiro mundo, e compreende que o crescimento desordenado dessas cidades tende a produzir o caos urbano (Magnani, in Moreira, 1998). A outra visão, apontada por semiólogos e críticos pós-modernos, é a da cidade mágica e cósmica repleta de pontos de encontros virtuais, o que inviabilizaria a própria função do espaço cidade assim como as formas de comunicação e sociabilidade fruto do capitalismo tardio.

Nas duas leituras citadas Magnani aponta para conclusões semelhantes quanto a “deterioração dos espaços e equipamento públicos, com a conseqüente privatização da vida coletiva, segregação, evitação de contatos face a face, confinamento em ambientes e redes sociais restritos.”

São Paulo é hoje, segundo a concepção de Teresa Pires do Rio Caldeira, uma cidade de muros. Protegidos por grades, portões e muros os habitantes das cidades têm constantemente suas vidas e hábitos alterados, fruto da “tensão, separação, discriminação, e suspeição (que) são as novas marcas da vida pública”(Caldeiras).

Tais mudanças na configuração dos grandes centros urbanos, e em particular o centro da cidade de São Paulo, nos remete à sua construção social histórica e o impacto desse desenvolvimento sobre o plano cultural urbano e identidade pessoal de seus habitantes.

[...] A ascensão social esteve disponível para um grupo da população, para um grupo de imigrantes italianos, espanhóis, alemães, japoneses, judeus e árabes... A partir da década de 80 as possibilidades de ascensão social se reduziram muito, então se você nasce rico você tem mais condições de permanecer rico, se você nasce pobre você tem muito pouca possibilidade de ascensão social. Por outro lado, os pobres brasileiros, negros ou de origem indígena, esses sempre foram privados de ascensão social mesmo quando São Paulo era uma terra de oportunidades.[vii]

Os moradores do Glicério são parte de um anexo esquecido do centro de São Paulo que concentra cerca de 90 mil pessoas, mas apenas 160 vagas de pré-escola. Não é difícil presenciar crianças disputando um lugar entre as ruas e a calçada em busca de espaço para crescer um pouco melhor. O último levantamento da Secretaria Municipal de Assistência Social, de 2005, estima cerca de 380 crianças vivendo em situação de rua só no centro de São Paulo. No Glicério elas têm nas calçadas e ruas de pouco movimento seus playgrounds; no entanto, a maioria vive trancada em suas casas.

Centenas de moradores em situação de rua convivem no Glicério, local de refúgio para muitos, como é o caso da Associação Minha Rua Minha Casa, que oferece banho, alimentação e atividades educativas aos moradores de rua, onde também é possível guardar documentos e algum dinheiro em pastas cadastradas pela entidade. Ao contrário do que em geral se pensa, a maior parte das pessoas em situação de rua exerce algum tipo de atividade remunerada, sendo apenas uma pequena parcela os que vivem realmente como pedintes. Foi o que revelou o recente estudo da UNESCO que pesquisou cidades em todo o Brasil e concluiu que 70,9% dos moradores de rua exercem atividade remunerada. “São atividades como as de catador de materiais recicláveis, os chamados guardadores de carros nas ruas, empregado de construção civil e de limpeza ou como ajudante de embarque de carga nos portos brasileiros.” (Agência Estado) É comum observarmos as feiras de trocas ou “feiras do rolo” da população de rua. Nesses espaços são comercializados e trocados roupas e objetos pessoais.

Outro fenômeno que salta aos olhos é o tráfico de drogas, que ocupa cortiços e viadutos e abastece as classes média e alta de São Paulo por sua localização. O tráfico, assim como nas periferias distantes, impõe suas próprias regras e parece ser um mal enraizado, parte do próprio sistema. “Foi no Glicério que Marcos Willians Herbas-Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), começou a ficar famoso. Morava lá e era trombadinha na Sé, aos nove anos. Dizem que era muito inteligente. Agora está preso[viii] E é o PCC que toma conta da região, local onde seu líder maior cresceu entre os cortiços e onde sua família vive ainda hoje.

Há espaço ainda para a manifestação religiosa:

A Baixada do Glicério também convive com o poder espiritual. Subindo uma ladeira, chega-se a pé à católica Catedral da Sé, no marco zero da cidade. No lado oposto, o missionário David Martins Miranda exibe a igreja pentecostal Deus é Amor, o “maior templo do Brasil”, que no dia da inauguração, em 2004, abrigou 200 mil pessoas. Na Rua do Glicério está a Igreja Nossa Senhora da Paz. Quarteirão acima, a Igreja Presbiteriana Han In, sem imponência e quase sempre fechada. Na Tabatinguera, modesta igrejinha anuncia para 12 de agosto a festa de Nossa Senhora da Cabeça. Numa vila que se desprende da Travessa dos Estudantes - calçadas bem-varridas com marcas de giz para o jogo de amarelinha -, Zé Pilintra e Maria Padilha revelam o futuro e reconciliam casais com jogo de búzios e baralho cigano. (Gil Giardelli)

No Glicério são dezenas as organizações não-governamentais, o que podemos chamar aqui de uma mancha do assistencialismo na cidade de São Paulo, assim como é uma mancha da pobreza, seguindo a categorização de José Magnani. É no Glicério que se observa um fenômeno de final de ano em que o número de barracas sobre as calçadas e próximas ao viaduto do Glicério crescem assustadoramente. Sabe-se que grande parte dessas pessoas vem das periferias, esses distantes do centro, e acampam nas ruas do Glicério buscando doações que vem dos carros que passam. É na época de final de ano que as pessoas são tocadas por um espírito de “solidariedade” e param seus carros para doar aquilo que não lhes serve. Já é costume e a população pobre já o sabe, disposta a migrar para o centro para receberem os donativos.

Outra grande concentração característica do Glicério são os catadores de materiais recicláveis, que existem em grande quantidade por toda a região. Sujeitos até então invisíveis, movimentam uma economia significativa por um lado para os empresários do setor de reciclagem e, por outro, para a própria cidade e poder público, uma vez que limpam a cidade destinando para a reciclagem grande parte do que é descartado e que a Prefeitura pagaria para ser levado a um aterro sanitário. Mesmo realizando um grande serviço para o município de forma gratuita, as condições de trabalho dessas pessoas é terrivelmente degradante. Sem local para desenvolverem a atividade adequadamente, as centenas de catadores se espremem sob o viaduto do Glicério e regiões vizinhas, convivendo diariamente com problemas como a falta de banheiros e água, o que agrava ainda mais a situação dessas pessoas. A falta de creches faz com que muitas crianças sejam levadas ao trabalho, de modo que é comum a permanência de crianças em meio ao lixo.

A Baixada do Glicério reúne cerca de dois mil catadores que coletam materiais por toda a região central. A maior parte é de origem nordestina, e é comum encontrar paulistanos que dizem serem filhos e netos de catadores: são gerações seguidas vivendo daquilo que a sociedade joga fora. A imensa maioria dessas pessoas não mora nas ruas e sustenta as famílias com a renda adquirida com o lixo, valor que pode chegar a até 900 reais mensais. No entanto, as jornadas de trabalho são longas e cansativas.

Uma parte dos trabalhadores está organizada. São quatro grupos de catadores que trabalham no sistema cooperativista e com isso conseguem sair da dependência dos chamados ferros-velhos, que pagam um valor muito baixo pelo material e, há denúncias, mantém pessoas em situação análoga à escravidão nesses locais. Os catadores organizados refutam por sua vez o assistencialismo e buscam a autonomia e autogestão. Foram, juntamente com catadores de outras regiões, embriões para a organização do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) que hoje está presente em 23 Estados brasileiros[ix]. Os grupos de catadores organizados do Glicério buscam ideais de não exploração de um catador sobre o outro, uma prática comum no meio. Muitos catadores que realizam o trabalho mais pesado de puxar as carroças acabam ganhando mais dos que os triadores, pessoas que separam os materiais por tipo para serem comercializados, quase sempre mulheres que chegam a ganhar três vezes menos que um carroceiro. Nos grupos organizados existe uma maior solidariedade quanto a essa questão, onde também se observam práticas tais como o “rateio” para pagamento de despesas coletivas (como pão e café), decisões tomadas em conjunto em assembléias e a prática cotidiana de trabalhar coletivamente. São contrários ao assistencialismo – em pleno Glicério – e afirmam não querer cestas básicas, mas o reconhecimento e a valorização de seu trabalho.

Os cortiços do Glicério concentram, além dos catadores, imigrantes pobres em sua maioria em situação ilegal, grande parte de origem boliviana, mas também grupos peruanos e chilenos. Apesar de não serem em grande número aqueles que residem no Glicério, o bairro é um reduto da imigração em São Paulo pelo fato de ali funcionar a Pastoral do Imigrante, na Igreja Nossa Senhora da Paz na Rua do Glicério. Na igreja, muito freqüentada por imigrantes, a Pastoral oferece serviços de auxílio a essas pessoas, em sua maioria latino-americanos buscando a legalização e permanência no Brasil. O local é descrito por Sidney Antonio da Silva com um dos pedaços da imigração em São Paulo, sendo a igreja utilizada para rituais culturais e religiosos da comunidade boliviana. Em seu trabalho Silva discute e analisa o processo de recriação e reprodução cultural, e acredita que no contexto de grande estigmatização em que vivem, os bolivianos se utilizam de rituais e se apropriam de novos elementos culturais adaptando-os a uma lógica e contexto próprio para reafirmar sua identidade. Silva defende, assim como Marshall Sahllins, que os elementos culturais podem se alterar dependendo da conjuntura.

Baixada do Glicério foi por muito tempo sinônimo de tradição cultural paulista. Nesse local foi fundada em 1937 a primeira escola de samba paulistana, a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva Lavapés, principal manifestação cultural do Carnaval Paulista nas décadas de 40 e 50, dezenove vezes campeã. A Lavapés foi embrião para a fundação de outras escolas de samba e escola para importantes sambistas paulistas, como a Rua Lavapés também foi reduto do samba paulistano. Hoje, muito pobre, a agremiação é relegada ao segundo grupo de escolas de samba de São Paulo; suas fantasias e história estão espalhadas nos cômodos da casa de Rose, neta de Dona Eunice, fundadora da Escola. Qual motivo fez do Glicério uma mancha sobre o passado cultural tão importante, hoje esquecido na história?

Assim como com essa escola de samba, o Glicério produziu e produz hoje um vasto leque de diversidade e riqueza cultural, como a apropriação dos espaços ociosos dos viadutos para quadras de futebol, ou mesmo a academia de ginástica com equipamentos feitos de materiais reutilizados – algo que seria chamado em outra situação de lixo –, ou as oficinas de artesanato[x] da população de rua que produzem verdadeiras obras de arte.

Não é difícil apontar os diversos problemas sociais que a Baixada do Glicério apresenta, tampouco seu reflexo sobre o resto da cidade; difícil é localizar sua diversidade e produção cultural, assim como o reflexo dessas sobre a construção sócio-cultural da cidade. “Trata-se, enfim, de uma metrópole, com suas mazelas e também com os arranjos que os moradores fazem para nela viver (ou sobreviver), combinando o antigo com o moderno, o conhecido e a novidade, o tradicional e a vanguarda, a periferia e o centro” (Magnani, 2000). Com isso o projeto de revitalização da área central envolve não apenas fatores econômicos de mercado da cidade, mas também a dimensão cultural da população que ocupa há cerca de um século as áreas centrais da cidade de São Paulo.

Contudo, Marshall Sahllins chama a atenção para o modo como as pessoas assimilam as condições às quais são submetidas. Segundo o autor, a apropriação cultural que as pessoas fazem dessas condições impostas constituem o próprio princípio de sua ação histórica. O trecho a seguir, apesar de deslocado da questão específica da cidade, nos faz refletir sobre os efeitos do projeto em curso e sua apropriação social.

Não se trata de sugerir, portanto, que desconheçamos as forças devastadoras modernas, mas apenas que seu curso histórico deve ser visto como um processo cultural. O capitalismo ocidental pôs à solta no mundo imensas forças de produção, coerção e destruição. Todavia, precisamente por serem irresistíveis, relações e bens do sistema mais amplo também passam a ocupar lugares dotados de significados na ordem local das coisas. Em conseqüência, as mudanças históricas na sociedade local também estão em continuidade com o esquema cultural suplantado, enquanto a nova situação vai adquirindo uma coerência cultural de natureza distinta. [...] ... o sistema não é uma física de relações proporcionais entre “impactos” econômicos e “reações” culturais. Os efeitos específicos das forças material-globais dependem das várias maneiras pelas quais elas são mediadas nos esquemas culturais locais. (Sahllins, 2004)

No entanto, parece ser mais preocupante o impacto do processo de produção de excedente capitalista que comprime o espaço urbano e é fruto de um processo histórico que reflete inevitavelmente sobre a construção cultural dos habitantes de uma metrópole. “No cotidiano das classes populares a produção da escassez é ampliada por força das exigências da reestruturação dos territórios, que impõe novas distâncias sociais, econômicas e culturais.” (Santos, Milton. 2000). Essa ação sobre as cidades acelera o processo de violência social e simbólica, fragiliza a população “desarticulando o circuito inferior da economia sobre o qual se organiza o dinamismo econômico e social do subespaço periférico”[xi].

Sahllins compreende que “a história moderna, desde aproximadamente 1860, foi marcada pelo desenvolvimento simultâneo de uma integração global e de uma diferenciação local.” Já no Glicério podemos observar o movimento de resistência a interferências sistêmicas no cotidiano das comunidades. É fácil identificar a presença de movimentos sociais organizados que surgem e/ou estão presentes no Glicério. É o caso dos próprios imigrantes bolivianos, das organizações de assistência social e entidades religiosas, do Movimento Nacional dos Catadores e do Movimento da População em Situação de Rua, Fórum Centro Vivo, e recentemente o Fórum para Desenvolvimento do Glicério que se organizam como novos atores políticos de um processo de luta por equipamentos e participação na tomada de decisões sobre o ordenamento urbano.

Este conjunto de fenômenos forma um todo. Não são crônicas de uma civilização em crise. Eles constituem um processo social estruturado cuja lógica e unidade decorrem do desenvolvimento progressivo de novas contradições sociais nas sociedades capitalistas. Efetivamente a concentração acelerada dos meios de produção, a constituição de trustes econômicos de produção e de gestão de produção, ligadas a uma interpenetração cada vez maior de um aparelho de Estado que se torna onipresente [...] Não é a satisfação dos desejos do povo que conta nesta perspectiva, é um funcionamento eficaz do aparelho produtivo, apesar das conseqüências de um tal funcionamento na vida dos trabalhadores... (Castells, 1976)

Segundo Castells é nesse contexto que surgem os movimento sociais fomentados pelo novo campo de contradições existentes no espaço urbano, e com base nessas questões se operam as mobilizações populares pelo interesses sociais transformando a vontade política. “Assim, a verdadeira origem da mudança e da inovação da cidade está nos movimentos sociais urbanos e não nas instituições”(Castells).

Para Castells, resta saber se é possível uma mudança urbana independente de uma mudança social, política e global.

O Glicério é, por fim, o agrupamento de diversas contradições presentes em nossa sociedade da qual ainda é necessária grande atenção, fonte de uma experiência urbana que pode e deve nos dizer muito sobre os rumos de desenvolvimento da humanidade.

Bibliografia

Bocayuva, Pedro Cláudio Cunca. O Complexo do Alemão e os Jogos de Guerra no Rio de Janeiro.

Caldeira, Teresa Pires do Rio. Cidades de Muros – Crimes, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Edusp, s/d.

Castells, Manuel. Lutas Urbanas e Poder Político. Porto: Afrontamento, 1976.

Chiaverini, Tomás. Cama de cimento: uma reportagem sobre o povo das ruas. São Paulo: Ediouro, 2007

Fórum Centro Vivo. Dossiê denúncia: Violações dos Direitos Humanos no centro de São Paulo. São Paulo, 2006

Giardelli,Gil. Baixada do Glicério, Marcola, Irmã Derly, 90.000 habitantes e 160 vagas na pré-escola!, disponível em: http://sabersorrir.wordpress.com/2007/08/20/baixada-do-glicerio-marcola-irma-derly-90000-habitantes-e-160-vagas-na-pre-escola/ acesso em: 11/11/2008 às 21:06h

Grimberg, Elizabeth. Revista Polis: Coleta seletiva com inclusão dos catadores - Fórum Lixo e Cidadania da Cidade de São Paulo Experiência e desafios. São Paulo: Instituto Polis, 2007

HOFFMANN, Friederike. Istanbul: Living Together Separately. Urban Action 2007, College of Behavioral and Social Sciences, San Francisco State University, 2007.

Magnani, J. G. Cantor. Transformações na cultura urbana das grandes metrópoles In Moreira, Alberto da Silva (Org.). Sociedade Global – Cultura e religião. Petrópolis: Vozes, 1998

__________ Quando o Campo é a cidade – Fazendo antropologia na Metrópole In Magnani, J. G. Cantor e Torres, Lílian Lucca (Orgs.). Na Metrópole – textos de antropologia urbana. São Paulo: Edusp, 2000.

Sahllins, Marshall. Cosmologias e o capitalismo – o setor transpacífico do sistema mundial In SAHLLINS. Cultura na prática. Rio de janeiro: Editora UFRJ, 2004

Silva, Sidney Antonio da. Ser “pasante” em São Paulo: prática ritual entre os imigrantes bolivianos In Schwarcz, Lílian K. Moritz e Gomes, Nilma Lino (Orgs). Antropologia e História – debate em região de fronteira. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.



[iii] Wikipédia, a enciclopédia livre. Acesso em 10 de novembro de 2008.

[v] Departamento do Patrimônio Histórico de São Paulo, 2006

[vi] Magnani, 1998.

[vii] Cymbalista, Renato - trecho do documentário “São Paulo Citytellers” de Francesco Jodice, 2006

[ix] Grimberg, Elizabeth, 2007

[x] Ver sobre a Casa Cor da Rua em Chiaverini, Tomás, 2007

[xi] Bocayuva, Pedro Cláudio Cunca. O Complexo do Alemão e os Jogos de Guerra no Rio de Janeiro.

2 comentários:

Anônimo disse...
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Unknown disse...

Faço parte de um grupo de alunos de serviço social e estamos fazendo um trabalho sobre o glicério, gostaríamos de trocar informações com você. anfecabral@ig.com.br