segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ácido na mamadeira

imagem: .patrícia

Não se entortaram por acaso. Ela, uma hipnótica dança de suspiros. Ele, o mini-homem mais perdido do mundo. Ela vestia as ferraduras na língua antes do café. Era feita do não cruzado com a improbidade humanística – coisa que ninguém almeja entender. A moça era fogo. Ele era desse tipo mesmo, que coloca uma mochila nas costas, vai até a esquina e acha que viajou o mundo porque pensa. Ela desligou a TV. Mordeu o pão. Esfarelou a retina sobre os olhos dele, que também esfarelou formando uma farofa em pleno vácuo interpessoal. Ela continuou com a retina ali, esfarelando a dele. Ela olhava cretinamente aquele olhar desmembrado que respondia. A boca dela nasceu:
- Quando nem o silêncio fala, a morfina diz.
- O que está dizendo?
- Fica abraçada a uma papa plástica visceral que observa.
- Que papa?
- O fígado.
- Foi alguma droga?
- Só queria ser um pouco doce com você.
- Quanto tem se esforçado?
- O tanto que merece.
- Vou pegar minhas coisas.
- Antes passa a margarina.

5 comentários:

Sílvia Mendes disse...

Oi Patrícia. Manoel me falou de você também, e também passei por aqui. Curti teus escritos, teu jeito. Mesmo. Até.

Diana disse...

E não vivo sem vir até aqui.

Glauco disse...

Um comentário só pra você comentar o meu porque esse post tá uma merda.

Glauco disse...

Não há colete a prova de balas que resista ao meu sarcasmo de manhã. Principalmente se a outra pessoa tiver uma necessidade de pronunciar palavras. Detesto que quebrem o silêncio, ele envolve a todos. Todos percebem que estão calados, que algo deve ser dito e dizem algo. Pra quê? A necessidade do 'nada para dizer' me completa tão bem. Que merda, vai tomar no cu

Crônicas do Submundo disse...

esse Glauco é meio estranho...