quarta-feira, 23 de julho de 2008

Resolvido

Fiquei imóvel. A boca do estômago dizia qualquer coisa como “Foda-se, imbecil!”, mas não deixava de sentir a dor que procurava esconder. Não tinha vento. O ar seco ressecava as narinas como se eu tivesse cheirado o pó depositado na estante da sala. A música de fundo tinha cheiro de flor fúnebre, deixada com a entrega de algumas lágrimas ao lado de velas, ao lado de um túmulo. Não condizia com os berros de raiva, que dava o órgão digestivo. Ele estava puto. Antes que jogasse todo o meu almoço e embebedasse o tapete com aquele suco azedo, esvaziei o guarda-roupa e pisei em tudo.
Fiz a mala. Desarrumei. Uma mochila colegial seria suficiente. E foi. Só coloquei o que coube. Cuspi e o mandei embora.

Um comentário:

Anônimo disse...

Digno de Cronenberg, Pá!