Minha antiética proliferou em uniformes zumbis. Cogumelos extasiados de dor besta anunciaram meus pesadelos. Eu não gosto de uniformes. (A nudeza, com toda a diferença que preza a igualdade, é o único uniforme admirável.) Esqueci, dessa vez, os cuidados com a escrita, a fidelidade ao tema. Seguirão agora traços mal pensados e do gênero “analfabético”. São cuspes – para diversos lados - que secarão.
Meus atos funcionais fazem dos meus nervos, sangue e restos de corpo, produtos para uma marca que paga muito pela hipocrisia e nada pela anestesia necessária à sobrevivência. “Que monstro, a insanidade do teu rosto!”, eles me dizem assustados com o silêncio que me protege de mentir. A simpatia da tolerância informa: se ignorantes como todos, então ignorantes iguais. Espelhos. Ou não. E então eu tolero, vomitando.
Não vivi nada e sinto muito pouco do que resta – sinceramente não espero que as pessoas continuem indo para abatedouros, como vacas utilitárias e sadias para saciar quem pode muito, mas nada de sentido tem.
Eu diluo idéias sobre mim a exercitar minha preguiça. Tudo é história do Eu lírico. Minhas piadas nunca são entendidas, mas eles riem. Eu entendo, a piada sou eu. Sempre mais conveniente e engraçada. Sempre para o prazer da coletividade dos egoísmos ao meu redor. Eu tenho culpa. Eu tenho erros pendurados nas calças jeans, no fracasso da minha solidão, que antigamente não era clichê. Eu não tenho dinheiro. Um azar anormal, que virou moda. E então eu desenho, porque não preciso separar ou explicar idéias. São coisas que os outros inventam, mas pensam que saíram de mim. Meus bolsos são vazios, camaradas! Eu não tenho nada.
Fede àquele cheiro satírico do lixo essa falta de amor. A intolerância beira o precipício e sabe voar. Eu não tenho instrumentos, nem penas ou contos industrializados. Não vôo. Nem com pára-quedas. Pára-choques. Paraliso e fico, sobre tentativas e falhas esperadas. E falam, as pessoas sempre falarão. E eu.
Um velho gordo, fedido à cachaça, cigarros e adepto ao “taradismo” disse, na invisibilidade dos meus dias passados num bar imaginário, uma coisa que, embora eu tenha esquecido, sei que foi a sentença mais importante da vida dele. Era algo como: “dane-se as línguas doentes que se enrolam em curiosidades da vida alheia, ao tempero da vivacidade dos alvos azarados. Podem, sempre ignorantes, aumentar a temperatura do fogo, mas jamais saberão em que parte do oceano fica o inferno”.
Ele tentou ser filósofo, mas acabou sendo administrador de uma franquia de produtos agropecuários. Durante 15 anos, tentou comprar um cilindro e um forno especial para fazer pão e aumentar a renda. Ele nunca atentou para detalhes e não soube negociar sequer o preço da mãe. Hoje vive de ser filho da puta e só vende pão dormido.
Na contradição dos meus dias mal vistos, eletrifico.
E caio.
Um comentário:
(bummm)
- o que foi isso?
- acho que caiu uma estrela.
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