
Imagine, todos a ouviam atônitos, a chamavam de louca e incessível. E o pior é que todos queriam tê-la, mas ela não era de ninguém. Essa minha amiga era mesmo uma jóia rara. Lembro de ter visto tantos marmanjos chorarem por sua causa, naquelas noites frias e nubladas com gosto de aventura na boca, e do calor dos corpos ansiosos por sentir intensamente cada momento. Cada passo em falso era um novo caminho, único.
Era mesmo engraçado ouvi-la falar. Eu que tanto refutava suas idéias, admirava sua clareza de argumentação que aqui nem sei reproduzir. Com um pouco mais de debate acabava por considerar, o que dava sensações hora de alivio, hora de tristeza.
Passados alguns anos de afastamento, voltei a ver essa amiga e toquei no assunto. Fiquei de certa forma decepcionado em ouvir que ela já não pensava mais como antes, dizia agora que descobriu que as coisas não eram bem como ela pensava, que sofreu por amor e coisa e tal.
Achava interessante sua idéia, talvez fosse uma boa saída, mas sem ter quem a defenda pergunto, quem irá racionalizar sobre esse oficio fictício que é amar?
Um comentário:
o amor é socialmente construído. nós é que somos fracos.
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