terça-feira, 7 de abril de 2009

Boa noite, reparos

imagem: da internet, com modificações (que feio...)


Intimamente guardados, os medos transfigurados pelos pontapés da própria sorte sofrem variações elípticas a fim de um divertimento. Tem fundo redondo, bem diferente de um cu; tem muros altos, bem diferentes das paredes do seu quarto; tem um caninho logo por cima; igual a um pedaço de enfeite de cadeira antiga, só que oco e quebrável; e tem um orifício pelo qual entra e sai, sob determinados tempos variáveis também, a substância neutral.
Estranhos se conjugam num gole atômico de passado para que enfrentem a força líquida guardada em seus estômagos. Unindo a roupagem amena das noites de qualquer dia, se transformam em puros gatos pardos, alimentados pela ficção extrema da estreia falida dos próximos medos. É caso de vida, de morte, de queijo Minas derretido, com presunto e pão de fôrma. Enfim, a manutenção de uma desculpa manca que limpa a cidade, o Estado, os estados de euforia e felicidade pendurados na conta contabilizam bons reparos no corpo e nos medos.
Os medos, regados à inverdades corretas – certezas imprecisas – absorvem o rogo feito pelos olhos à noite para que o fígado trabalhe em intenção de despistar o sono. Só para ficarem com os medos, juntos, num coro alto de ladainhas desfavorecidas encantadas, que acreditarão até o amanhecer.
Então, não mais que então, surgem outros velhos medos a tapar astros da infelicidade na cidade pequena, no Estado impuro, nos estados de condenação à liberdade.

Sartre está morto.

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