quinta-feira, 24 de julho de 2008

Lotérica

(...) Só plantei uma vez na vida, quando ainda nem sabia dizer por que plantava. Não foram flores, com aquelas cores de vida melhor um dia. Plantei, no máximo, cinco mudas de alface. É por isso que pergunto por que querem que eu colha coisas no futuro. Uma única vez, e minhas alfaces sequer existem - foram comidas pelo caminho. Pelo caminho mesmo, trituradas e engolidas pela própria trajetória de vegetal. Nada mal, talvez. Também somos devorados pela estrada. Plantei e ainda querem que eu plante mais. Para quê, eu não sei. Que a minha colheita foi um saco, uma miséria resultante em duas descobertas. Uma, que meu estômago não digere alface. Outra, que essa informação foi importante para economizar sal de fruta. Só isso.
“E daí?”, perguntou o terceiro, com cara de quem abomina abobrinhas.
E daí que passaram três senhas e agora é a minha vez.

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