
por: Davi Amorim
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Encostando sua cabeça sem perder a direção dos olhos
Sabor de álcool
A língua esconde na saliva o gosto do seu corpo mordido por dentes que marca o caminho que a boca percorreu das pegadas de um desejo sublime
Do pescoço ao ombro há um longo caminho onde me perco no seu perfume e me embriago perdendo a noção do tempo, das horas, dos minutos, dos dias e não me canso de contar o ar que você carrega quando respira soprando aos poucos nas costas, nos braços, na pele e absorvo o teu respiro quente que vem da sua boca úmida e despida de graça, alimento minhas mãos do negro veludo dos seus cabelos que o vento sopra durante o dia todo enquanto você ajeita a franja que lhe atrapalha o teu olhar calmo, lento, fundo e cristalino.
Escuto os meus anjos me chamando o dia inteiro e ponho em virgulas as palavras que esqueço, pois, é tão grande o eco que faz que a pedra saltita sem parar quando arremessada pelas suas mãos
Destaque aos bailarinos que tendo a lua seu guia, dão de ombros para o tempo que nos faz pensar nas letras, que nos obriga a ter um novo tropeço, pelos domingos vazios.
Embora trabalho nos desenhos, a palavra impar que me falta, da estratégia que fique compatível quando resolvo ler a cartilha que revela as suas invisíveis entrelinhas
Seu vôo pleno em gravidade com a terra, guarda o sorriso do sol onde na luz que enraíza o instante do seu pouso, e ainda, docemente cai gota de orvalho que respinga como instrumento da chuva que vem acalmar a noite que sonha com o vento que assusta os pássaros.
Tão rara e caprichosa é à noite que me traz o caminho do seu retrato a descida vertiginosa da poesia e do mundo que afoga em prantos a sutileza que define o charme quando você olha para trás e sorri docemente
Canto com o fogo a força que me arrebata as palavras ardentes, vermelhas e luminosas quando persigo em pensamentos o saudoso lábio que me toca reluzente de definições misteriosas, deixa nos pastos a flor que nasce do seu suor e que se mistura as folhagens verdes enquanto caminha a procura da margem que esconde o lago que lhe serve de espelho
Com os dedos toca a água como a caricia leve de uma Vênus que afugenta o teu reflexo em pequenas ondas até alcançar a outra margem onde se espera em pé o seu mergulho para refrescar a essência que mina o corpo quando dança sutilmente o movimento que o braço faz para frente
Escondo em silabas a piedade do seu nome que levo ao coração com a força de um vulcão
Dedicado a Sheila
por: Rodrigo Mota
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Tão bela quanto perigosa
Ela partiu com sua bíblia
E decidiu por outro otário
Ele ficou com sua dúvida
A ver navios em seu aquário
Ela pediu a sua ajuda
Pra atravessar aquele rio
Ele sempre quis ser o seu guia
Mas entrou foi numa fria
Sonhos de dia
Promessas à noite
Mas nada nesse mundo à sacia
Até conseguir seu sonho vermelho
Mas não foi o suficiente
Ela ficou com sua vidinha
À bordo do seu sonho vermelho
E ele ficou com sua lista
De amores incompletos
PASSADO NEGRO
PRESENTE VERMELHO
E O SEU FUTURO É NO ESPELHO
E no fim ele entendeu
E a sua alma no fundo doeu
Entendeu o que queria dizer
“Tão bela quanto perigosa”
por: Sid Geremia
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por: Renata Rodrigues Alves
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pêlo de gato
Há algo em mim que pulsa e pede para ser posto pra fora, algo em palavras, que me sufoca, como sufoca o gato a bola de pêlo do próprio gato presa à sua garganta, as palavras presas em minha garganta me vão sufocar, eu sei, mas não deixo que escapem, não permito que saiam talvez pelo medo, talvez pelo assombroso medo que sinto de tudo. Quero soprá-las pra fora, soltá-las ao vento, a ver se encontram ouvidos que as segurem com as duas mãos cravando-lhes as unhas antes de passá-las adiante; e que se encontrem a contar dos corações, ah, os corações. Mas o medo, ah, o medo do que pode haver de armadilha e surpresa na curva do vento a levá-las a outro lugar, longe, distante. Ainda há muito o que ver, muito o que andar com essa falta de ar pela garganta entalada, sufocada, cheia de palavras e medo. As palavras presas dentro de mim me vão matar.
por: Sâmia
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Circulação forçada de idéias
Resolvi não dizer nada. Resolvi mandar uma resposta, sem resposta. Uma ausência carimbada de coisa alguma. Sinto os assuntos voando baixo e, ao invés de se grudarem aqui, só atrapalham meu silêncio. Não é merecimento, questão de indiferença ou falta de vontade. É ausência, talvez somente ausência. As músicas estão velhas, trancafiadas na minha surdez voluntária. As paisagens são vertigens coloridas com pouca textura, ou quase nada. Talvez o mundo espere uma nova compilação de frases e eu só decepciono, libertando farsas. Tudo um grande amontoado de sistemas baratos que não funcionam, ou, que sempre foram mentiras para novos contos. Uma grande busca de ser um ninguém com coragem para assumir tudo o que já foi, o que vem sendo e o que ainda deixará de ser.
por: Patrícia Galelli
Um comentário:
matam não, sâmia...
que teçam outros textos. e muitos mais...
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