quarta-feira, 21 de maio de 2008

O vôo


Voei. Não sei como decidi. Sei que minhas pernas se entortaram de tanta força pra me empurrar pra cima. E meus pés quase atolaram no fim da plataforma. Depois minhas asas se descolaram. Doeu. Sabe quando dói mesmo?, é uma dor do mesmo jeito de quando a gente corta o dedo na serra elétrica e fica olhando. Doeu assim. Uia, que dor! Depois, deu vertigem. No começo dá, né? Uma certa secura na boca acompanhada da impossibilidade de engolir. E aquela vontade de vomitar. Todos que voam pela primeira vez sentem isso? Ninguém nunca disse. Também nunca perguntei. Mas, pra que saber? Bom mesmo é sentir. Fazer o movimento. Minhas pernas e pés empurraram, minhas asas descolaram e eu voei. Um impulso, no fim da plataforma. Meus pés afundaram, senti. Um vôo gostoso, de perceber o mundo passando enquanto você voa sob o sol. Um vôo de altitude. De uma certa altitude, já que sinto as mãos geladas nas alturas. Mas isso só acontece quando penso na altura. Posso estar no chão, dando pulinhos, mas se penso, então suo gelado. No vôo, não tem pensamento. Não dá pra ter. É muito rápido, até a gente se arrebentar contra o chão!


Rubens Lunge.

3 comentários:

CA disse...

oi eu sou o rodrigo
Quandu a profe Magali indicou o texto pensei que seria algo chato, mas quando li percebi que não é, adorrei.
rodrigo

Unknown disse...

prof Magali q me mandou ler!!!
pensei q fosse pobre mais ate q é legal!!
Tânia

Anônimo disse...

Esse texto é 10!!
pena q é curto