Não houve um só dia em 45 anos que não pensasse em fugir, depois de virar a última esquina até sua casa. Não era a propriedade, nada disso, até gostava do portãozinho baixo de madeira acompanhado de arbustos verdes mal cuidados mas dignos, conseguira até realizar seu sonho de fazer a entrada de pedestres com grandes paralelepípedos envoltos de graminha até a porta de entrada, esta já um pouco enferrujada mas que atrai pelo trabalho de serralheria. Isso pra não falar do interior, cômodos altos, assoalho e forros de madeira escura, paredes brancas e lisas sem essas frescuras de azulejo ou grafiato, sem dúvida uma casa sóbria, confortável, acústica. Definitivamente tinha um bom relacionamento com a casa, não poderia culpá-la depois de tanto tempo. Também não era Solange, a relação entre ambos era elogiada por todos os amigos, discutiam abertamente, trocavam seus medos, compartilhavam momentos...todos os momentos realmente pertenciam aos dois. Ali não havia quem aproveitasse a sinceridade, o sexo ou até mesmo algo mais fútil pra tirar proveito próprio, trata-se de uma pequena fissura que ao acumular-se põe em risco a estrutura do casal. Tinham conhecimento disso e seguramente não atentavam contra o bem estar do encontro diário no fim da tarde, tomar café juntos, filmes, alguma tarefa e cama.
É de se pensar que espécie de tormento pode afligir a vida de uma pessoa por tantos anos, que tipo de medo pode fazer com que uma pessoa fuja de todas as realizações possíveis, aversão pelo que dá certo, vontade de começar tudo de novo sempre que chega próximo à chegada. Não dá pra entender essa febre de largar tudo pela metade.
Há uns dois meses se queixou de dores de cabeça fortíssimas, tontura, essas coisas...disse que não tinha nada a ver com problemas oftalmológicos, que estava acompanhando e até fez um check-up. Continuou afirmando que até caiu inconsciente e acordou minutos depois...Fiquei calado e não soube o que dizer, haviamos nos encontrado por pedido meu, algo constrangedor para mim que sou amigo dele e de Solange desde a adolescência...o fato é que três dias antes recebi um telefonema de Solange dizendo que estaria me mandando duas cartas, que eu deveria ler uma, e enviar outra a ele...pela gravidade resolvi trazer pessoalmente...finalmente após ter lido a carta e juntar-se a mim disse estar pronto, cerrei os olhos...e atirei.
É de se pensar que espécie de tormento pode afligir a vida de uma pessoa por tantos anos, que tipo de medo pode fazer com que uma pessoa fuja de todas as realizações possíveis, aversão pelo que dá certo, vontade de começar tudo de novo sempre que chega próximo à chegada. Não dá pra entender essa febre de largar tudo pela metade.
Há uns dois meses se queixou de dores de cabeça fortíssimas, tontura, essas coisas...disse que não tinha nada a ver com problemas oftalmológicos, que estava acompanhando e até fez um check-up. Continuou afirmando que até caiu inconsciente e acordou minutos depois...Fiquei calado e não soube o que dizer, haviamos nos encontrado por pedido meu, algo constrangedor para mim que sou amigo dele e de Solange desde a adolescência...o fato é que três dias antes recebi um telefonema de Solange dizendo que estaria me mandando duas cartas, que eu deveria ler uma, e enviar outra a ele...pela gravidade resolvi trazer pessoalmente...finalmente após ter lido a carta e juntar-se a mim disse estar pronto, cerrei os olhos...e atirei.
2 comentários:
Fantástico!
a espera do próximo....
puta que pariu.
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