segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Outras vertigens

foto: .patrícia galelli
Espetáculo: Pequenas incisões para quem ama - Carretel Cia Teatral


Ela tragou o charuto cubano. Tudo se castiga, e as pessoas que não têm projeto são lábios de cera, gente que não goza, que não ama, que. Uma mente inçada em pensamento que não é. A negação não vem de agora e ela era uma perdida entre tantas vozes destoadas de baralho. Não joga, não é. À espera, é uma imensa falta de tudo, a folia descarada, a beira do estilhaço à cara lavada de extremos. Penso que nada mais existe depois dela, sou o que me levou a fazer, um insone. A fome da pragmática escapatória.
Não há nada aqui. Nem em mim. Respiro a melancolia do suspirinho. Sei que atrasei e que não tem mais como alcançá-la. Ando meio sei lá, sem nada. Querendo alguém, me tire desse lugar, dela, de nós. Nos deixe cinza como somos, nos deixe apenas ser, sorrisos, medos, azulejo falso, Argentina em dezembro. Intactos, e olhar a lua quase não será uma aberração desenhada de giz de alma hipocondríaca. Iluminuras não servem. Esquizofrênicos observam. Pontes ao espaço que não vive no mundo “amendoíndico” da solidão - planeta japonês. O mundo está voltado para um “dentro” que não alcanço, nem como.
Alguém já deve ter falado de buraco meio ao peito, não é vala que dá prazer, não é sexo, não é nem negação. É periódico sistema de internação imediata. Sintomas: vômito contido, dor de cabeça contida, fala que não sai, fígado bem cozido, em contenção – o doutor não soube explicar.

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