segunda-feira, 2 de março de 2009

A máquina vermelha


Afinando o sangue, em processo de decantação das ilusões de emergência, pairou sobre o corpo de Ana a máquina vermelha das soluções. Uma torneira acoplada logo acima do umbigo, posta milimetricamente calculada pelas mãos mecânicas, foi aberta neste instante – antes de ser cimentada. Alguns vazamentos não poderiam ser evitados. Ana teve convulsões.
Ana, que não sabia o que o artigo das escolhas por escolas incertas queria propor, tomou anfetamina pra não morrer. Da dor que a fazia desconfiar que não havia morrido, saiam esferas de linha tênue enaltecendo as suas limitações.
Era vestígio de quase-ideias todo o tempo da operação, vindo nos momentos todos. Ana podia ser aberta pela barriga, logo acima do umbigo, e se livrar – se salvar. Tinha sangue fino, que passava no filtro das más considerações sem ser barrado. Mas não sabia para onde ir – aonde iria cair.

Ana se amorteceu toda. Ana amoleceu.

Ana vazou, tomou anfetamina e soube que havia morrido quando a máquina vermelha fechou a torneira e ela não sentiu dor alguma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Hmm by the way.... E essa máquina... Tu sabes o fabricante? Vende no Brasil?
Deve ser o chupa cabra mecânico.
Amoor, bejios e boa sorte

Aiu Bio disse...

Miga... fiquei com medo desta máquina!!!
Bjos e mais bjos