quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uma prévia da finalidade do chapéu



Na imagem: Soren Kierkegaard

1.
Constituído de uma membrana esticada percutida, tirada de algum bicho andante triste por aí, a caixa cilíndrica de ressonância cuida de guardar as pancadas que vem de dentro para fora, ou de fora para dentro com a característica de entrar, bater e voltar – por isso a impressão do movimento primeiro. Parece complicado por ser uma questão inversa, mas tente ser uma pessoa prestativa à descrição.

1.1
O cérebro, de tanto ser golpeado por agentes externos, do tipo porcelanas que gritam semblantes que pisam prazos que espremem, passou lentamente a mudar a forma de gosma cinzenta para uma espécie de tambor que emite som incessante às veias, esses canaizinhos espalhados pelo corpo todo e que às vezes (quando há alguma pedra pelo caminho) tratam de tirar o sossego do indivíduo. A membrana esticada percutida dessa espécie de tambor pode ser constituída por diversos materiais, uns mais fortes, outros molengas, embora todos trabalhem na função de permanecerem ali, cuidando para que o couro cabeludo não queime, ou pegue sereno.

1.2
Em duas questões pontuais, a mutação da gosma cinzenta se difere dos tambores em geral. Uma, a ausência total de baquetas para fazer o barulho. Outra, por, ao invés das alças para o colo, ter acoplado como continuação da membrana, uma aba – que priva os olhos dos ataques de raios ultravioletas, além do ar um tanto mais misterioso por lembrar, simbolicamente, detetives de outrora.

2.
Quando, por questão de amor às causas perdidas, a ilusão trazida pelas palavras voltar, a continuação da história há de seguir por onde aponta o nariz.

2.1
Parece complicado por ser uma questão inversa, mas tente ser uma pessoa prestativa à descrição.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bom... e viva a 'Patafisica!